quinta-feira, 7 de abril de 2011

Relato do Pai - VBA3C

 **** Esse relato foi escrito pelo Rafael poucos dias depois do nascimento do Francisco****

Relatar a experiência sublime do nascimento de um filho é uma tarefa no mínimo desafiadora.  Para que seja possível expressar parte do que senti é necessário voltar alguns anos no tempo, e aí vai:
Desde muito cedo, 12 ou 13 anos, casar, ter minha casa, carro e muitos filhos.  Tendo esse objetivo em mente sempre me preocupei em reconhecer o memento certo e a pessoa certa com a qual realizaria meus sonhos familiares.  Aos 21 anos conhecia a Larissa.  Por incrível que pareça, foi fácil reconhecer naquela moça a mulher da minha vida.  Não me pergunte como, eu só sabia.  Aqui começa a história dos “meus partos”.  Começa antes mesmo de nos casarmos.  Luiza (12) na época tinha 4 anos, linda, esperta e muito carinhosa, me surpreendeu quando em uma das vezes que saímos, perguntou se poderia me chamar de pai.  Lembro da alegria que senti e do amor que explodiu no meu coração naquele momento, um amor incondicional, sem espaço para mantê-lo dentro de mim.  Abracei a Lu e disse que sim.  Era tudo o que eu queria ouvir.  Um “parto do coração”, meu primeiro, lindo e emocionante.
Nos casamos e poucos meses depois estávamos grávidos.  Nem tudo são flores na vida de casado.  Foi uma gravidez difícil entre as mudanças de humor e não saber o que esperar no próximo minuto.  Mais uma vez se sobressaiu o amor que temos um pelo outro.  Embora houvesse o esboço de uma idéia de parto normal, lembro do comentário que sempre fazíamos: “Prato normal!  Normal mesmo é fazer cesárea, ter um filho sem ter que sentir toda aquela dor, por tantas horas!”.  Realmente o parto do Henrique (6) foi um parto rápido e lindo.  Dra Gisele foi quem o trouxe ao mundo, tive o privilégio de assistir, meu coração mais uma vez encheu-se de amor.  Olhei para o Henrique e para a Larissa e agradeci a Deus pela família que estávamos aos poucos formando, cheia de amor e carinho.  Foi lindo, meu segundo parto, cesárea.
Depois de 4 anos, indo contra muitas pessoas, decidimos engravidar e assim foi.  Uma gravidez bem mais fácil quanto ao que esperar, as mudanças repentinas de humor foram melhor compreendidas, mas os desconfortos físicos, dores e até paralisia facial foram desafios superados juntos.  Aquela idéia de parto normal deixou de ser somente uma idéia.  Vi minha esposa procurar informações, estudar e compreender os benefícios de um parto natural.  E ela entendeu direitinho!  Não lembro exatamente quando ela me contou sua idéia de um parto normal domiciliar.  Lembro bem do quê pensei: parto normal?  Em casa?  Parteira?  Doula?  Ai, ai, ai...  Que medo eu tive!
Não foi muito difícil me convencer da idéia.  Difícil foi engolir o custo de tudo isso.  Embora tivéssemos convênio, nenhum médico de convênio faria um parto normal depois de duas cesáreas, muito menos em casa.  Foram meses frustrantes, procuramos uma parteira.  Embora o custo dela não fosse tão alto, não tínhamos um centavo.  Embora pudéssemos pagar em parcelas “suavemente”, não tínhamos tido coragem de propor uma forma de pagamento.  Vi o entusiasmo dela se apagar e levar junto o meu.  Embora tivesse sido um momento frustrante, estávamos felizes.  Dr. Osmar foi quem trouxe nosso Pietro (2) ao mundo.  Mais uma vez assisti o parto, mais uma vez foi rápido, muito rápido, porém dessa vez pude cortar o cordão.  Foi uma experiência muito legal.  O Pietro era lindo e estava bem.  Nossa família crescendo e feliz!  Foi assim meu 3º parto, cesárea, eu cortei o cordão.
Mais um ano e meio se passou e antes da  concepção de nosso próximo filho, concebemos a convicção de que seria um parto normal.  Deixou de ser uma idéia, um desejo, um plano.  Passou a ser “O Plano”.  Vi a Lá buscar por alguém que tivesse disposição de entrar no barco conosco, e por incrível que pareça foi um desafio encontrar alguém (mesmo entre os adeptos à idéia) que topasse, depois de três cesáreas fazer um parto normal, agora já não precisava ser necessariamente domiciliar.  Aliás, depois dos riscos que disseram que correríamos, era melhor um parto normal hospitalar.  Ainda assim, encontrar alguém disposto a fazê-lo, não foi fácil.  Com 17 semanas a busca começou.  Depois de várias situações, conversas frustrantes e desencorajamento, ao contrário do que esperávamos, às 36 semanas não havia nada decidido.  Nossa situação financeira não era tão diferente de 2 anos atrás quando tivemos o Pietro.  As pessoas das quais esperávamos apoio, haviam pulado do barco antes mesmo de subir nele, talvez tenham achado a capitã muito frágil, talvez a convicção do marinheiro e a confiança em sua capitã não tenham sido o bastante.  Ou mesmo a idéia de entrar num barco com uma tempestade anunciada tenha sido assustador.  “e se algo ruim acontecer?”, “e se o seu bebê morrer, mãe, o que a senhora vai fazer?”.  Tantos E SEs, foram dias de tempestade antes de nos lançarmos ao mar, uma viagem obrigatória, não havia outra alternativa.  Foi quando vi minha moça decidir que teria um parto normal no Hospital Geral P, isso mesmo, um hospital público, contando como um amigo falou “uma mentirinha que Deus perdoa”.  Iríamos para o hospital quando as contrações estivessem uniformes, 14 por hora, e diríamos que era nosso 4º filho.  O histórico dos partos seria de 2 normais e o último cesárea.  Decisão  tomada, coração um pouco menos apertado, um pouco menos aflito e muito mais confiante, embora ainda temeroso.
Trinta e nove semanas e 4 dias, estava no trabalho quando a Lá me ligou dando risada: “a bolsa estourou!”.  Os risos foram por que aconteceu quando o técnico da máquina de lavar estava em casa.  Imagino a Lá tentando disfarçar enquanto procurava uma brecha para verificar se estava tudo bem e se limpar.  Sabia que nossa viagem havia começado.  Estávamos sozinhos na jornada.  Não fiquei nervoso, aos olhos dos outros estava até calmo demais.  Quando cheguei em casa tudo estava bem.  As contrações estavam ficando mais próximas, as crianças bagunçando como sempre, jantamos pizza, pusemos os menores para dormir.  As contrações já estavam mais fortes, estava na hora de irmos para o hospital.   A Lá foi no banco de trás gritando com o rosto enfiado na cadeirinha do Pietro a cada contração.  Brigando para que eu dirigisse mais devagar, embora estivesse a 30km/h em ruas livres em que poderia andar a 60km/h.  Chegamos ao hospital, um rápido ping-pong  de uma para outra portaria, em pouco tempo estávamos em frente ao consultório ginecológico.  A cada contração uma rápida sessão de massagem no coxci.  Quando entramos na sala e a médica examinou a Lá descobrimos que ela estava com apenas um centímetro de dilatação.  Percebemos que seria um trabalho de parto longo.  A Lá ficou surpresa e sua primeira frase foi “Não acredito!  Tanta dor por tão pouco.”.  Pensei “A noite vai ser longa”.  A Lá foi encaminhada para uma sala onde a colocaram no soro sem ocitocina, como ela pediu.  Foi o único momento em que pediram que eu ficasse fora da sala.  Foi muito difícil.  Sabia que ela estava com dor e queria estar perto, mesmo que não pudesse fazer nada além de estender a mão cada vez que as contrações viessem (como a Lá disse, “aquelas das boas”).  Nesse momento percebi que não havíamos entrado no barco sozinhos.  Estávamos na tempestade, mas não à deriva.  Nosso Pai Celestial estava conosco e estava mandando seus anjos para nos orientar e ajudar.  Enquanto estava lá fora, aflito por não estar perto da Lá, uma enfermeira se aproximou e disse que eu deveria entra e ficar perto da minha esposa.  As enfermeiras haviam me dito para esperar do lado de fora, ela porém disse que eu deveria entrar e que falaria com as outras.  Fui ficar com a Lá e pude novamente estender a mão e acariciar seu rosto.  Chegamos ao hospital pouco antes das 22 horas.  Uma hora e meia depois a bolsa de soro estava vazia e fomos encaminhados para a sala de cardiotoco, onde conhecemos mais um anjo do Senhor, a Bel.  Acho que esse foi o momento mais difícil para nós dois.  Estávamos sozinhos na sala que era bem pequena, a cada contração a Lá gritava cada vez mais alto, sei que estava doendo tanto que ela falou várias vezes em desistir, em fazer uma cesárea, pediu várias vezes que eu chamasse a enfermeira, a médica, queria e queria acabar com o sofrimento.  Lembro de incentivá-la a se manter firme, que tudo estava correndo bem.  Tentava lembrá-la de respirar fundo e prestar atenção aos movimentos de nosso bebê.  Orei pedindo que o Senhor amenizasse sua dor e nos desse forças para ir em frente.  Terminado o exame voltamos para o consultório e a médica nos informou depois de examinar a Lá que a dilatação estava em 3 cm.  Mais uma vez a Lá se desesperou.  Mais uma vez “tanto por tão pouco”.  Mais uma vez eu procurei ajudá-la com palavras repletas de esperança, “tudo vai dar certo”.  Mais uma vez o pedido de cesárea e mais uma vez a médica num ato de firmeza e ao mesmo tempo apoio, disse que ninguém faria cesárea nela.  Lembrou-a que já tinha tido 2 partos normais e perguntou se ela tinha esquecido.Nos entreolhamos e sorrimos afinal “já tínhamos tido dois partos normais”.  Me dei conta de que não havia mais volta, nessa viagem não havia como retroceder.  Orei novamente para que tivéssemos forças.  Ouvi a Bel conversando com a médica que disse ser hora de transferir a Lá para outro hospital, pois não havia leito disponível.  Mais uma vez, por seu anjo o Senhor mostrou estar do nosso lado.  A Bel recusou-se em fazer a transferência, disse que eles tinham leito sim, que a dilatação da Lá estava evoluindo muito bem e que a levaria para o Centro de Parto.  A médica concordou desde que a Bel assumisse a responsabilidade e assim foi.  Enquanto a levava, a Bel pediu que eu fosse buscar a etiqueta de acompanhante e então subisse para ficar ao lado da Lá.  Eu até acreditei que seria fácil assim.  Quando cheguei no balcão e informei o que queria soube que teria que esperar até que fosse feita a internação no Centro de Parto para depois preencher os papéis necessários e então ser liberado para subir.  Embora não estivesse confortável com a situação, decidi esperar pacientemente.  Mais uma vez orei por paciência, orei para que a Lá estivesse bem, para que o Senhor a confortasse.  Senti que o Senhor estava próximo de nós quando vi a Bel e ela perguntou o que eu estava fazendo lá ainda.  Contei o que havia acontecido e ela rapidamente providenciou a etiqueta de acompanhante dizendo que minha esposa precisava da minha companhia, que eu devia subir e ficar ao seu lado.  Agradeci ao Senhor pelas respostas rápidas às minhas preces.  Quando cheguei ao quarto ela estava na cama.  Aprecei-me para ficar ao seu lado.  As contrações estavam cada vez mais fortes.  Ela apertava minha mão e eu a dela tentando dar apoio.  Por muitas vezes sorrimos e entre os sorrisos uma piadinha ou outra.  Seu corpo estava trabalhando atendendo aos seus pedidos de que nosso bebê nascesse logo.  Ela gritou que queria cesárea, gritou que estava ardendo, disse estar cansada, pediu que chamasse alguém, que as dores e a ardência passasse, pediu que o Senhor estivesse ao seu lado, que não a deixasse e em todos esses momentos pedi que o Senhor estivesse conosco, que tudo corresse bem, que o Senhor os deixasse viver, que os “E SEs” não acontecessem.
Pensei várias vezes que tudo que estava acontecendo, fomos nós quem quisemos e me perguntei se tudo acabaria bem.  Seria muita felicidade se tudo desse certo, se tudo corresse bem.  Será que merecíamos tanta felicidade?  Orei para que esse sentimento passasse e para que tudo ficasse bem.  Prometi que se o Senhor ficasse do nosso lado eu estaria do lado Dele para sempre.  Me segurei para não chorar tentando passar uma imagem forte e confiante.  Por muitas vezes senti o Senhor nos consolar, um sentimento de paz, as palavras da mãe da garota que estava em trabalho de parto do nosso lado “depois que você tiver seu bebê toda dor vai passar, nasceu acabou”.  Entre uma contração e outra, agora mais próximas, olhava para minha moça, aquela pela qual me apaixonei há 8 anos, tornando-se mulher, mãe, de uma forma diferente do que havia visto, uma força de vontade incrível.  A convicção do que queria confiante.  Minha admiração chegou em um ponto que nunca achei ser possível, meu amor e compreensão do milagre da vida.  Pedi a Deus que tudo corresse bem e nos deixasse compartilhar a vida juntos.  Outras contrações vieram.  Procurei estar ao seu lado da forma que pude. 
Dos 6 cm de dilatação aos 10 tudo foi tão rápido quanto intenso.  Numa das contrações chamei a enfermeira Karla que veio logo e nos disse que se a Lá fizesse força na próxima contração ela faria o parto.  Foi um momento de muita emoção, nosso bebê estava perto.  A contração veio e eu a vi fazendo força como nunca havia visto.  Era nosso bebê, que embora estivesse trabalhando e fazendo sua parte para nascer, precisava muito de ajuda para nascer.  A cada força eu, por pura empatia, fazia força junto, procurava incentivá-la com palavras de apoio e lembrá-la de respirar.  O cansaço era nítido entre as contrações, mas quando a enfermeira me chamou e mostrou o topo da cabeça do nosso bebê a emoção tomou conta de mim.  Lembro de dizer que faltava muito pouco, que ele precisava de mais uma força.  A Lá disse que não ia conseguir, porém mais uma vez eu tentei incentivar “Força!  Tá acabando, só mais uma, ele precisa da sua ajuda”, e junto com ela, juntos até o fim, fizemos a ultima força, a derradeira.  Assim que saiu a cabeça, a Karla puxou-o e aí sim, nasceu nosso Francisco.  Lindo!  A emoção que senti não tem explicação.  Olhei para minha mulher aliviada, cansada, feliz e agradeci à Deus por ela ter conseguido, sua persistência, vontade, força e amor.  Os primeiros cuidados foram dados ao Francisco e logo ele veio ficar ao nosso lado.  Ele é lindo, tudo foi lindo.  Agradeço à Deus por tudo ter dado certo.Assim foi NOSSO quarto parto, Francisco, parto normal, Larissa foi quem o trouxe ao mundo.  A realização de um sonho mostrando que tudo é possível àquele que crê, tudo é possível em quem nos fortalece.
Lá, eu te amo.  Obrigado por me deixar fazer parte da sua vida, vê-la junco com o Francisco e Nosso Pai Celestial operarem o milagre da vida, o nosso pequeno milagre.  Te admiro por tudo o que você é e por me deixar ser ao seu lado o pai de nossos filhos, cada um tão especial quanto o outro, amados e queridos para esta vida e para toda a eternidade.


Rafa

sábado, 30 de outubro de 2010

O video sobre o parto

Depois de 6 meses que postei o relato do parto eu voltei aqui para postar o video com o relato da história para chegar ao meu VBA3C. O vídeo é bem mais romântico do que foi a busca toda pelo nosso parto natural depois de 3 cesáreas! Mas eu acho que ficou muito bonito! A música diz tudo e aparece no fim do relato escrito também!
Quem quiser saber mais sobre o Francisco, eu escrevo um blog que conta as peripécias dos meus filhos. Visitem Os Sete Monstrinhos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Relato do parto

Pré-parto


Incrivelmente o relato do parto do Francisco começa antes mesmo do parto. Com 36 semanas eu começo a escrever esse relato para me preparar para o parto e para contar alguns fatores importantes para o desenrolar dessa história toda, que ainda não sei como será.

A preparação para o parto do Francisco começou antes mesmo do Pietro nascer, quando surgiu um desejo intenso de um parto normal depois de duas cesáreas. Porém muitas coisas aconteceram, Pietro nasceu e meu parto não foi parido!!! Quando o Pietro deixou o cheirinho de recém nascido para trás, o desejo de ter um outro filho chegou! Um quarto filho, sim! E junto com esse desejo a certeza de que dessa vez eu teria um filho e um parto.

Todo um trabalho interno foi realizado e ainda está sendo feito! No inicio comecei me informar sobre cicatrização, ruptura uterina, parto normal depois de uma, duas, três e até quatro cesáreas. Parto domiciliar depois de duas ou três cesáreas, parto normal hospitalar... Enfim, o que seria melhor para meu bebê, para minha família e para mim.

A gravidez chegou quando o Pietro estava com 1 ano e 7 meses. Que delícia! No inicio eu me sentia a pessoa mais feliz desse mundo, porém a notícia faltava ser compartilhada com o meu lado da família. Eu já sabia que minha mãe seria contra e como sei o que pensam sobre mim outras pessoas da família eu logo podia deduzir o que falariam... Criei coragem e contei. Prefiro não lembrar e nem deixar registrado todos os sentimentos que surgiram. Minha gravidez foi motivo de indignação de pessoas que nunca nem ao menos ligaram para mim para perguntar qualquer coisa que seja! Entrei em uma depressão terrível e nem imaginava o motivo. Um dia, vasculhando meus sentimentos percebi que minha tristeza, meu choro, minha infelicidade tinha origem na não aceitação da minha gravidez por outras pessoas. Desse dia em diante eu melhorei!

Outro detalhe dessa gravidez foi o fortalecimento do meu casamento. Curioso como toda essa indignação que minha gestação trouxe para as pessoas do meu lado da família só fizeram bem para mim e para meu casamento. Me fez enxergar quem realmente está comigo, me fez valorizar a companhia, o carinho, o respeito. Gosto de pensar nisso, pois pessoas que não desejaram o bem, que pensaram coisas ruins, que ficaram indignadas, só contribuíram para o crescimento da minha família!


A busca pelo parto


Como boa medrosa que sou eu morria de medo de ter um aborto espontâneo. Sei que é uma coisa meio trágica para pensar, mas eu sempre tive esse medo. Devido ao medo eu esperei ficar com mais de 12 semanas para de fato procurar as pessoas que eu queria para o parto. Durante as 8 semanas que eu sabia que estava grávida mas não queria ir atrás do parto eu fiquei imaginando como eu iria querer o meu parto mesmo. Não ficava romantizando, escolhendo posição, água ou fora d’água... Imaginava equipe, local... Até que um dia imaginei em casa! Em casa com uma parteira. Bem minha cara, sem muita gente...

Busquei a opnião de um médico humanizado. Saí confiante. Busquei outras opniões e tudo foi desmoronando aos poucos. Comecei a me questionar. Não questionar a decisão pelo parto natural, mas a questionar tudo o que eu havia lido e buscado nesses 3 anos. Será que não seria possível? Será que seria tão perigoso e arriscado para meu bebê? Qual a diferença entre eu, que tenho 3 cesáreas, e as várias outras mulheres que tem 2 cesáreas e que fizeram PD? Por que a minha cicatriz uterina tem mais chance de romper do que a cicatriz delas? Por que as cicatrizes recentes delas eram menos perigosas do que as minhas cicatrizes antigas??? Será que eu sou diferente? Fiquei sem entender e muito chateada com tudo isso. Algumas pessoas realmente me chatearam muito. Passei a imaginar situações terríveis e trágicas, pois me colocaram para pensar nisso: “como você reagiria se o pior acontecesse e o bebê morresse?”. Pergunta complicada! Só sabe quem passa por isso. Eu nunca passei e minha reação certamente não seria igual à reação de outra pessoa!

Pois bem, eu continuei firme na minha busca. Hospital caro, sem chance de pagar por algo assim. Hospital do convênio que seria a opção boa para mim, os médicos que aceitam um vba3c não atendem lá e os que atenderiam estavam com agenda cheia. Achei um médico abençoado que acompanharia o parto lá acompanhado pelas parteiras, porém descobrimos que o hospital vai fechar a maternidade antes da DPP... Pode uma coisa dessas??? Aí me questionei novamente: os caminhos estão se fechando para que o parto não aconteça dessa forma ou para que eu batalhe mais pelo meu parto? Passei a conversar com Deus mais claramente:

“Por favor, mande seus recados mais claramente! Se não for para o parto ser da forma que eu quero faça com que o bebê fique transverso!!! Aí vou entender que o correto é uma cesárea! Se for para que eu batalhe mais pelo meu parto, me ajude a enxergar o caminho. Não precisa me entregar pronto, mas ilumine para que eu consiga percorrer!”

Acho que depois de muito insistir com Deus, Ele acendeu uma lanterna na minha frente! Achei um hospital e tive uma idéia. Não me orgulho de pensar em mentir, mas vi como única escolha. Hospital com baixa taxa de cesáreas e com um atendimento humanizado. Seria lá mesmo!!! De repente surgiu outra opção! Uma casa de parto que pelos boatos atenderia vbac... Fui à casa de parto. Lugar lindo, aconchegante, perfeito! Porém casas de parto têm protocolos que devem ser seguidos e isso eu compreendo. Casas de parto não podem atender quem tem cesárea prévia (seja três, seja duas ou apenas uma. Não pode mesmo!) Mas houve um esforço para a situação ficar boa para mim. (Acabou não dando certo na casa de parto, nem com a opção que pensaram a princípio).

Ainda não está nada certo, mas os caminhos eu tenho. É possível que a resolução de tudo isso ocorra ainda essa semana, até quinta feira.

Continuo firme no meu propósito e na minha crença de que poderei tentar até onde me for permitido. Acredito que Deus sempre quer o melhor para seus filhos. Acredito que ele quer ver minha família feliz e completa e por tanto Ele vai estar comigo guiando as pessoas que estarão ao meu lado. Isso já basta para se sentir confiante! Sei que logo qualquer dia pode ser o dia! Hoje estou completando 36 semanas. Sinto-me preparada para todo o processo que meu corpo vai experimentar pela primeira vez. Sinto-me confiante e feliz! Que o Francisco chegue trazendo as bênçãos que um bebê sempre trás!!!!


Carta de despedida da barriga


Filho, amanhã (05/04) completamos 38 semanas de gestação, você e eu juntos, nesse crescimento rápido e tão emocionante! Quando descobri que você estava aqui dentro no dia 13 de agosto de 2009 você era apenas um pontinho. Nós estávamos de 4 semanas, mas você realmente estava aqui há cerca de 2 semanas só! Mas eu já te amei e me senti sua mãe nesse momento! As semanas foram passando e você foi crescendo. Demorei para sentir você se mexendo aqui dentro e confesso que fiquei um pouco preocupada. Mas você se mexeu e logo se mexia tanto que passei a acordar com seus movimentos aqui dentro. E você gosta de se mexer, viu? Mexe dia e noite e me empurra em alguns lugares bem doloridos. Descobrimos que você é um menino e vou confessar aqui, só para você, que era exatamente o que eu queria, outro menininho! Francisco, começou então ser mais fácil conversar com você, chamá-lo pelo nome. Nome que foi escolhido por causa da minha avó, sua bisavó, que você não vai conhecer, pois ela mora no céu hoje em dia, mas tenho certeza que está olhando pela gente!

Então Francisco, as semanas foram passando e você foi crescendo aqui dentro. Eu também fui crescendo aqui fora e estou agora com um barrigão imenso, bem redondinho! Nessa sua gestação eu fiquei muito nervosa, muito irritada. Sei que faz parte das mudanças hormonais que a mamãe tem na gravidez, mas isso foi muito chato, sabia? Teve dias que eu mesma não me agüentava!!! Mas sei que isso vai passar.

Enquanto você cresce aí dentro, seus irmão aqui fora foram curtindo a idéia de ter mais um irmãozinho. Sua irmã mais velha ficou feliz. Seu irmão mais velho achou o máximo ter mais um bebê. Seu outro irmão ainda não entedia nada, mas logo que nós começamos a crescer ele passou a entender que tem um nenê dentro de mim e agora fala o tempo todo que o nenê vai nascer e que você é irmão dele! Ele é pequeno ainda e vamos ter que ter muita paciência com ele. Ele ainda mama e vocês terão que dividir o mamá, acredita? Mas ele já sabe disso e acho que não vai ser muito difícil não!

Agora sei que você já é um bebê grande aqui dentro. Já é um bebê praticamente pronto para conhecer o mundo aqui fora! Se a mamãe quisesse fazer uma cesárea, provavelmente você estaria nascendo por esses dias. Mas dessa vez vamos fazer diferente e buscamos ter você por parto normal. Então estamos aqui esperando você querer nascer! Não sabemos quando isso vai acontecer. Você poderá vir até o dia 02 de maio. Imagina isso? Mais um mês? Todos os dias quando vou dormir penso que o dia seguinte pode ser o dia! Mamãe é ansiosa, né? Sim, mas espero muito que você nasça logo, pois está tão difícil fazer as coisas com esse barrigão enorme!

Sabe o que eu gostaria de te falar (e eu falo sempre isso para você, viu?)? Vem Francisco! Pode nascer que estamos prontos, te esperando. Só falta você! Não tenha medo, não. O mundo aqui fora pode ser lindo. Tem muito amor te esperando, tem muito colo, muito leitinho, muito carinho! Tem um mundo lindo aqui também com sol, chuva, passarinhos, gatinhos, irmãos pra te curtir! Não tenha medo Francisco! Mamãe e papai te amam muito. Talvez não será fácil você chegar nesse mundo e nós tenhamos que trabalhar um bocado juntos, mas isso faz parte do seu início no mundo! A vida não é fácil, mas assim como no seu parto, eu sempre estarei ao seu lado, junto de você! Então Francisco, pode nascer! Pode chegar! Estou pronta! Estamos prontos! Agora só falta você!


A decisão


Como ficou decido que seria o parto: parto em um hospital público que tem boas taxas de parto normal e é um dos hospitais que aparecem como hospital que faz parto humanizado em São Paulo. Eu ficaria o máximo possível em casa, depois iria para o hospital. Lá eu negaria receber ocitocina e falaria que tenho apenas uma cesárea e dois partos normais. Nós aceitamos os riscos dessas escolhas.


O Parto


Trinta e nove semanas e nada! A espera estava me angustiando, principalmente por não saber como seria o desfecho. Eu estava pesada, com uma barriga enorme, super nervosa e louca para que tudo acabasse logo! No dia 12 de abril (segunda-feira) eu completei 39 semanas e tive consulta de pré natal. Naquela madrugada eu acordei com “dor de barriga”. Depois, mais outra vez pela manhã. Fiquei pensando se seria meu corpo se preparando. Falei para a GO e ela quis fazer exame de toque. Não deixei, inventei que não tinha tomado banho depois de ir ao banheiro. Ela foi escutar o coraçãozinho e falou que eu estava tendo uma contração, mas eu não estava sentindo nada, só uma contração de Braxton. A sentença dada pela GO: não chega até 40 semanas. Fiquei super feliz, muito mesmo, mas logo caiu a ficha que ela não tem bola de cristal. Poderia nascer até o inicio de maio...

39 semanas e 1 dia (terça-feira). Tive contrações mais doloridas antes de dormir e estavam ritmadas, fiquei animada!

39 semanas e 2 dias (quarta-feira). Acordei e resolvi limpar a casa, porém as contrações desapareceram completamente!!!! Durante o resto do dia nada, nadinha. Eu estava frustrada e cansada!

39 semanas e 3 dias (quinta-feira). Senti algumas contrações mais fortes. O Pietro pediu para mamar bastante e eu deixei. Ele mamava e eu sentia contrações. Ele parava e elas paravam. Antes de ele dormir ele pediu para mamar e assim que pegou o peito veio uma. Alguns minutos depois veio outra! Me deu “uma coisa” e eu tirei o Pietro do peito, falei que era hora dele dormir. Ele deu tchau para o mamá e para o nenê. Fui dormir, não percebi se tive contrações de noite ou não. No dia seguinte nós iríamos até o posto de saúde para pegar o número da inscrição do mãe paulistana e eu planejava fazer algumas compras para fazer mais comida para congelar.

39 semanas e 4 dias (sexta-feira). Acordei com contrações e com a certeza de que eram contrações mesmo!!!! O Rafa, eu e o Pietro saímos, passamos no posto de saúde para pegar o número que eu precisava para internar no hospital quando estivesse em TP, depois fomos até o ambulatório que eu fazia pré natal pegar outro documento e eu sentindo contrações! Eu estava muito feliz! Dia 16 ou 17 eu com certeza teria meu filho nos braços!!!! Decido passar no mercado, mas não para comprar comida para eu fazer. Era só para comprar algumas coisas que estavam faltando. E lá fomos nós e eu sentindo contrações. Eu parava, respirava e voltava a fazer o que estava fazendo. Quando cheguei em casa tive mais uma contração no estacionamento e mais nada. Eu fiquei tão frustrada, tão chateada, tão nervosa... Como podia ter parado assim? Uma sensação de impotência, de não ter o quê fazer... Almocei e fui deitar. As contrações começaram a voltar, mas eu não quis ficar muito feliz. Resolvi dormir um pouco, mas não consegui, pois estava esperando um técnico aqui em casa. Senti vontade de ir ao banheiro e quando fui me limpar: tampão. Fiquei andando de um lado para o outro na casa e de repente outra contração. Segurei na mesa da sala e já no fim da contração senti um PLOCT. Nos relatos que li, esse ploct sempre era a bolsa. Parei e fiquei esperando e nada aconteceu. Fiz uma forcinha e não saiu nada... Imaginei que então tivesse sido alguma coisa estralando em mim hehehe Continuei andando pela casa e o técnico chegou alguns minutos depois. Fui atrás dele o acompanhando para a área de serviço e no meio da cozinha tive outra contração e quando parei na área de serviço: líquido, muito líquido. Sim! O ploct era a bolsa! Fui para o quarto, tirei minha calça e vi que o líquido estava clarinho, bom sinal! Troquei a roupa e voltei para falar com o técnico. Mais contrações. Elas não tinham um ritmo. Lembrava de todos os muitos relatos de parto que eu tinha lido. Esperava que meu TP seguisse um ritmo, sei lá! Esperava que as contrações fossem ficand

o ritmadas como um relóginho... Porém nada foi do jeito que eu esperava! Nada mesmo!!!!!

Liguei para o Rafa e falei que a bolsa tinha estourado às 14:40 e que seria entre hoje e amanhã! Fui limpar o fogão, pois estava precisando mesmo!!! E como eu não sabia a que horas eu iria para o hospital era melhor deixar as coisas em ordem. As bolsas já estavam arrumadas e eu não tinha muito o que fazer. Sentei na frente do computador e fiquei mandando e-mails, carreguei fotos no Orkut... Às 15:11 foi quando marquei a primeira contração. Mas elas estavam muito irregulares: 13 minutos, depois 7, depois 5, depois 8... Às 17:12 fui tomar um banho. Fiquei mais de meia hora no chuveiro. Quando saí percebi que ficar no chuveiro era bom! Eu ainda agüentava as contrações em qualquer posição: sentada, deitada, agachada, de quatro. 18:30 o Rafa chegou! As contrações estavam um pouco mais fortes e quando vinham eu tinha que parar de falar, mas estavam completamente suportáveis. Suportáveis, porém eu já não conseguia anotar a hora sozinha heheheeh

Falei para o Rafa comprar uma pizza e que eu comeria um pedacinho só pois não estava com fome. Eu estava muito tranqüila, curiosa para saber se eu estava dilatando, estava um pouco perdida sem saber quando ir para o hospital, mas estava muito feliz! Meu filho estava chegando e isso eu tinha certeza absoluta! Em uma das contrações, depois que passou, eu comentei com o Rafa que eu não conseguia entender como é que as pessoas gritavam durante a contração, pois eu não conseguia nem falar!!!! Por volta das 19:20 eu fui para o chuveiro de novo e lá pude sentir as contrações mudando. Quando vinha uma contração eu conseguia falar: ai-ai-ai-ai.... hehehehe Eu falava baixinho, mas conseguia falar!!!! Saí do banho tremendo bastante. Logo uma contração começou a emendar na outra. A pizza chegou e sentei para comer um pedaço. O melhor foi que enquanto eu comia eu não tive nenhuma!!!! Tá bom que comi um pedaço só, mas assim que terminei veio mais uma! Quando elas vinham eu ficava ajoelhada na poltrona com a cabeça encostada no encosto e doía muito. Elas começaram a vir a cada 3 minutos, às vezes dois. Quando vinham eu falava: “vai passar, vai passar... está passando... passou.” Eu já tinha tentado todas as posições: deitada de lado, sentada, de quatro, agachada... Nada era bom! As contrações duravam quase um minuto. Eu não tinha vontade de sair de casa, mas também não queria ficar muito tempo mais. E se a dor piorasse? Eu não conseguia imaginar como seria o caminho até o hospital! Já tinha alertado mil vezes o Rafa para ele não correr, evitar buracos... E continuava alertando! Resolvemos sair. Coloquei o vestido azul que eu já tinha “preparado” para ir ao hospital e meu chinelo. Eu esperava tanto por esse momento que até a roupa que eu iria eu já tinha separada!!! Pedi para ele levar as bolsas para o carro e deixar o carro parado em local estratégico. Torci para que ninguém me parasse para conversar. Esperei uma contração e fui quase correndo para o carro. Foi entrar e ter outra! Fui no banco de trás e a cada contração eu ficava de quatro com a cara enterrada na cadeirinha do Pietro e gritava muitooooooooo. Mas quando passava, eu sentava e ia dando palpite na direção do Rafa: o farol fechou, não corre, olha o buraco... E olha que tive que implorar para ele não correr!!!!

Chegamos ao hospital e eu falei para o Rafa que só saia do carro depois que ele soubesse para onde eu iria. Ficamos andando pelo estacionamento de um lado para o outro. Cada um dizia uma coisa até que informaram que era pelo PS que eu tinha que entrar. O Rafa fez a ficha e foi me buscar no carro. Fui tendo contrações pelo caminho. Todo mundo olhava. Eu não gritava, mas parava, apertava a mão do Rafa, fechava os olhos e falava bem baixinho: Vai passar... Tive duas contrações até chegar na porta. Lembro que tinha uma mesa bloqueando a passagem, deixando apenas um espacinho, tinha um segurança e um monte de gente na porta. Lógico que eu tive que ter uma contração bem na frente dessa mesa hehehe O segurança ficou meio perdido, mandou todo mundo dar espaço e falou para pegar a cadeira de rodas. Eu neguei e fui andando. Ia parando para as contrações e todo mundo olhando. Uma senhora perguntou se era dor de parto e o Rafa respondeu todo animado que era nosso bebê chegando!!!! Fui esperar em uma salinha para ser atendida. Fiquei em pé e a cada contração eu me apoiava nos braços da cadeira e o Rafa fazia massagem nas minhas costas! Demorou um pouco para me chamarem. Lembrando que eu estava em um pronto socorro de hospital público. A médica me chamou e perguntou se a bolsa já tinha estourado. Eu disse que sim e que tinha estourado às 20 horas mais ou menos! Eu tinha medo de falar que tinha estourado às 14:40 e ela falar que era muito tempo, sei lá! Estávamos sozinhos, o Rafa e eu, e seria muito fácil ser enganada! Bom, ela pediu para eu deitar e veio fazer um exame de toque. Fez uma cara animada e falou: “Um centímetro! Trabalho de Parto mesmo!” Aí começou uma série de pequenas coisinhas que chamo de “Deus trabalhando”. Ela falou que estavam sem vaga e que eu seria transferida para outro hospital, talvez o Amparo Maternal. Mas que ela ia pedir um cardiotoco para ver se estava tudo bem com o nenê. Mas que antes do cardiotoco eu ia tomar um pouco de glicose para não dar alterado o exame. Fui tomar a medicação e demorou um pouco. Na sala de medicação tinha um monte de gente (PS mesmooo). As pessoas olhavam e ficavam conversando entre si, se perguntavam se eu estava para ganhar nenê, se era TP prematuro, falavam da minha barriga pequena, falavam sobre a dor do parto... Eu só ouvia, de olhos fechados durante as contrações e em pé. chegou a hora da medicação. Tinha que sentar!!! E ainda tive que ouvir: “Vai doer essa picadinha” HAHA Mais que as contrações??? Piada! Enquanto isso, na minha cabeça passavam milhares de coisas. 1 cm... Tudo isso de dor... 1 cm... Tinha que dilatar mais nove... Eu não agüentaria, meu útero não agüentaria. E se meu bebê morresse? Muita dor para pouco, imagina o que estava por vir? Bom, milhares de coisas na minha cabeça. O Rafa ansioso estava na porta me vendo de longe. Entrou e perguntou se era ali mesmo que eu queria ficar e eu disse que sim. Afinal iriam me transferir, mas nessa parte eu não queria pensar! Alguém deixou o Rafa ficar ao meu lado até a medicação terminar. De todos os relatos de parto que li sempre existe um lugar chamado partolândia. Em todos os relatos esse lugar fica próximo do fim do TP. Bom, se eu fui para a partolândia eu fui nesse momento. Acho que comecei a delirar mais ou menos nessa hora! Logo a medicação acabou e fui esperar pelo cardiotoco. Muita dor, não conseguia ficar de olhos abertos. O Rafa queria ajudar e foi atrás de quem ia colocar o cardiotoco em mim. Fomos para a salinha e o Rafa, como sempre muito político, elogiou a enfermeira e ela foi um doce comigo o tempo todo hehehe Ela colocou duas cintas na minha barriga com dois “negócios” redondos. Me deu um botão e mandou eu apertar cada vez que sentisse o bebê mexer. Aí começou uma dor insuportável. Na verdade eu comecei a sentir meus ossos do quadril e pélvis queimar! Queimava tanto! Quando vinha uma contração ela começava com a barriga dura, doía, mas logo começava a queimar! Aí eu delirava mesmo. Pensava mas não conseguia falar. Lembrei dos livros da série Crepúsculo que fala que quando uma pessoa vai se transformar em vampiro ela “queima”. Fiquei imaginando sobre a transformação em mãe, imaginei se Stephenie Meyer também sentiu seus ossos queimando durante seu TP e se foi daí que teve a idéia da transformação em vampiro queimar!!!! Isso tudo eu pensava durante a contração, mas não conseguia falar, só gritava feito louca! Comecei a pedir para Deus me ajudar. Comecei a pedir para o Rafa falar com as pessoas, falar que eu queria cesárea. Eu falava que ia contar a verdade, mas me referia a falar a verdadeira hora que a bolsa estourou e não sobre eu ter 3 cesáreas!!!! Falei para ele que estava com medo. Não falei do quê, mas meu medo era meu útero romper e meu bebê morrer. Eu pensava o tempo todo naquela pergunta: e se o bebê morrer...? O Rafa não deixou a peteca cair. Eu falei para ele que se eu falasse em cesárea era para ele desconsiderar e foi isso que ele fez! A enfermeira veio ver o cardiotoco e falou que eu não tinha apertado o botão nenhuma vez e que eu teria que ficar lá mais um pouco. Ah! Apertei o botão um monte de vezes mesmo sem sentir ele mexer hehehe Eu queria sair dali.

Enfim a tortura acabou. Ops, o exame acabou. Tudo ok com o bebê. Mais um exame de toque: 3 cm!!!!! A médica entusiasmada falou que eu já tinha dobrado a dilatação em duas horas! E que por eu ter dois PN, rapidinho o bebê nasceria. “Ai não! Dois PN!!! Rapidinho...” Eu pensava e trocava olhares com o Rafa! Deu até vontade de rir. A médica falou para a enfermeira que iria me transferir e a enfermeira falou que não, pois eu evolui rápido para 3 cm (“rápido????”) e que o bebê ia acabar nascendo na ambulância. Que ela poderia me internar lá mesmo. A médica aceitou e ainda comentou que apesar de eu estar gritando ela adorava isso! Adorava o trabalho dela!!!! Isso tudo quem ouviu foi o Rafa! Eu estava delirando e pedindo para o Rafa falar com a médica coisas que ela mesma estava ouvindo eu falar hehehe Eu estava com muito medo. Aí veio a frase: “Mãe, aqui ninguém vai fazer uma cesárea em você!” Aí eu vi que não tinha mais volta! Saí da partolândia ou onde quer que eu estava. Voltei a ficar super consciente de tudo à minha volta. Era meu PN para acontecer. Falei que não queria receber ocitocina, inventei uma história e mostrei o documento que tinha feito. A médica falou que era um direito meu e que não daria já que eu não queria! Coloquei uma camisola do hospital, fiquei com meu chinelinho Havaianas de bichinhos e meus óculos. A enfermeira me levou e falou para o Rafa ir buscar a etiqueta de acompanhante.

(O Rafa me contou que depois que a enfermeira me levou ela voltou e encontrou ele sentado esperando para fazer a internação. Ela pegou ele, pegou uma etiqueta com a recepcionista e falou que ele não iria ficar ali esperando nada, pois a mulher dele precisava mais dele do que ela hehehehe. Depois de tudo, o Rafa foi procurá-la e agradeceu tudo o que ela fez!)

Voltando em mim! A enfermeira me levou para o CPH (Centro de Parto Humanizado). Quando vi, uma pontinha e esperança se acendeu! Talvez eu não passaria por todos aqueles procedimentos de partos hospitalares. Entrei em um lugar que quase lembrava um corredor de centro cirúrgico (pelo menos essa é minha lembrança). A enfermeira me levou para um quarto onde tinha uma moça em TP acompanhada da mãe. Passei por essa moça e depois de uma grossa cortina tinha outra cama. Ali que eu fiquei. Era um quarto grande, tinha uma TV mas estava desligada. Um relógio de parede que muitas vezes olhei e ele me desanimou! Eu fiquei ao lado das janelas o que achei lindo depois que o Francisco nasceu! A porta do quarto ficava aberta e dava para ouvir outras mulheres em TP. Eu deitei na cama. Ela estava inclinada, então percebi que para mim era confortável. Quando senti a primeira contração eu dei um grito hehehe. Na mesma hora a enfermagem toda estava lá para me receber e foram falando para eu não gritar, para respirar! Todas muito atenciosas, sorridentes e educadas. Uma das moças falou que eu estava no começo do TP e que quando viesse a contração para eu respirar fundo devagar e soltar devagar o ar. Era para fazer isso durante toda a contração para mandar oxigênio para o bebê. Não foi feito exame de toque nem nada. Fiquei lá esperando o Rafa e respirando. Logo ele chegou e quando vinha a contração eu segurava a mão dele com a minha mão direita e com a esquerda eu segurava em cima da cama!!!

A moça que estava em TP ao meu lado tbm sentia dor, mas parecia ter mais espaços entre as contrações. Eu entrei no CPH à meia noite. Meia noite e meia vieram estourar a bolsa da moça ao lado e ouvi a enfermeira falar que ela estava com 7 cm. Me deu um desânimo, pois fiquei imaginando eu com meus 3 cm e tudo o que eu sentiria até chegar aos 7 que ela estava! Não demorou muito ouvimos uma mulher gritar e um bebê chorar! Tinha nascido um bebê! Que lindo! E o Rafa veio com a pergunta: “Onde os bebês nascem? Vão tirar vc daqui?” Eu não sabia, mas não queria sair de lá por nada! Era até engraçado sentir a ocitocina no ar daquele ambiente! A moça tinha uma contração e eu tinha tbm! Quando era eu que começava com a contração ela tinha tbm! Quando eu ouvia outra mulher fora do meu quarto gritando eu tinha contração! Eu estava consciente de tudo o que estava acontecendo em volta! E muito consciente do que estava acontecendo dentro de mim também. Apesar da certeza de que eu conseguiria, eu tinha o medo da morte o tempo todo comigo. Tinha medo de falar desse medo... Então meu nível de consciência em relação ao meu corpo era alto. Eu sentia cada movimento do Francisco dentro de mim (e ele se mexeu muito!), sentia cada contração, cada dor diferente... Todas as vezes que saia líquido eu pedia para o Rafa olhar e ver se estava clarinho e ele sempre confirmava! Acho que esse foi o lado ruim do meu TP: eu não desliguei um minuto. Mas eu sou assim em tudo o que faço mesmo. Nunca me entrego completamente à uma coisa só. Sempre a cabeça fica funcionando a mil. O ruim foi a pergunta que não queria calar: “E se o bebê morresse...?” Tudo ia indo muito bem. De vez em quando entrava uma auxiliar, olhava o prontuário e falava animada: “logo nasce, vc tem dois normais já!” Eu olhava para o Rafa e pedia para Deus me ajudar, pois só Ele sabia de toda a verdade. Só Deus sabia o quanto eu queria que meu filho nascesse de parto normal!!!! Acho que nunca pedi tanto para Deus como naquele dia. Eu precisava que meu corpo funcionasse!!!! E que funcionasse rápido!!!!!

A dor foi aumentando. E de repente eu vomitei. Eu sempre tive medo de vomitar durante o TP, pois eu detesto vomitar. Na verdade eu não sei vomitar e vomito pelo nariz ECA!!!! Por sorte eu não vomitei pelo nariz dessa vez, mas tbm não conseguia parar de vomitar. Uma auxiliar veio e perguntou se eu queria ir para o banho. Eu estava largada em cima do vômito e falei: “não! quero ficar aqui pra sempre...”. Eu fiquei bem mole depois que vomitei. Não sei se vomitei de dor ou de tanta água que eu estava bebendo... O fato é que eu tinha que ir tomar um banho, mas queria o Rafa junto comigo. Fomos ao banheiro e fiquei lá um tempão. Senti que eu estava ficando com tontura e pedi para o Rafa me ajudar a ir deitar. Eu queria um exame de toque para saber a quantas andava minha dilatação, mas tbm tinha medo que não tivesse progredido muito. O último toque tinha sido feito quase à meia noite e eu estava com 3 cm. Minhas contrações não tinham ritmo, não vinham em um intervalo regular. Eu evitava olhar no relógio, mas quando olhava via que o tempo estava passando rápido e eu achava que meu corpo não estava trabalhando tão rápido.

12 horas de bolsa rota, mas só o Rafa e eu sabíamos. Dor, muita dor e eu chamava Deus, minha avó Francisca, lembrava de todas as mulheres que já pariram e que tiveram forças para isso, pensava nas pessoas que me escreveram dizendo que estavam torcendo e que acreditavam que eu podia parir meu filho. Foram essas lembranças que me davam forças quando vinha o medo. O medo era inevitável. Me colocaram medo. Mas acabei arrumando um escape para o medo: muita gente me deu forças! Assim foi até as 4 horas da manhã quando vieram fazer outro toque na moça em TP: 7 cm ainda e bebê alto! Eu, que não tinha nada a ver quase caí da cama! Aí ela veio fazer um toque em mim: 6 cm. O Rafa perguntou se o bebê estava encaixado e ela respondeu: “encaixadíssimo! Só falta dilatar o resto! Quando vc tiver vontade de fazer cocô vc chama!” O Rafa ficou todo animado! Eu quase chorei. Lembrei dos relatos que li, da partolândia, das fortes dores na fase de transição, do tempo que isso levaria... E o Rafa animado, animadíssimo! “Lá, falta tão pouquinho! 4 cm!” Olhei o relógio e pensei que eu só agüentaria mais uma hora e meia! Mas sabia que dilatar 4 cm e fazer o bebê nascer em uma hora e meia seria quase um milagre para uma primípara!!!! Apesar dos três que eu já tinha, eu nunca havia parido (ao contrário do que elas pensavam...). Olhei pro Rafa praticamente implorando e falei: “Vai nascer até 5 e meia, né?” E ele falou que achava que até 6:30. Ainda tive ânimo de perguntar se ele queria apanhar ali mesmo ou depois heheheh

De repente uma pressão no ânus e uma sensação de que eu ia fazer cocô ali mesmo. Meu corpo começou a empurrar sozinho. Eu não conseguia mais esticar as pernas durante as contrações, eu tinha vontade de abrir... Acho que meus gritos mudaram pq a enfermeira veio correndo e fez outro toque: “Quase, mas ainda não. Só mais um pouco!” O Rafa olhou e falou que estava tudo se abrindo, que tudo era lindo!!! E eu quase morrendo de dor. Meu Deus, 6 cm e tudo isso! Eu estava sentindo as dores da transição? E isso ia demorar quanto tempo, pq estava doendo muito!!!!! Eu não olhei mais para o relógio. Continuava hiper consciente de tudo à minha volta, inclusive nos intervalos das contrações eu conversava com o Rafa ou tentava dormir (e sonhava com o parto!!!!). Vieram colocar a moça que estava ao meu lado no banho. Ela estava com 8 cm e o bebê estava muito alto. Colocaram ela na bola! E eu ali pensando que não agüentaria! Comecei a sentir o Francisco empurrar e quando ele empurrava em seguida vinha uma contração. Eu conseguia perceber quando viria a contração e meu corpo empurrava junto com o Francisco. Simplesmente lindo o nosso trabalho!

Então veio a enfermeira de novo fazer um toque e ela falou: “mais uma contração e vc faz força, aí vamos fazer o seu parto!” Meu Deus! Meu parto? Já??? Veio mais uma contração e eu fiz força. Começou uma certa agitação à minha volta. Perguntaram sobre a moça na bola e a enfermeira falou que ela podia ficar lá mais um pouco pq ia nascer um bebê agora. Tiraram uma parte da cama, colocaram um ferro, encaixaram umas coisas embaixo, subiram a cama (isso eu só percebi depois que ele nasceu hehehe), inclinaram mais ela... Levantei as pernas (era bem confortável ficar assim. Pelo menos para mim), segurei em um lugar e ela falou para eu fazer força quando sentisse uma contração. Joguei a cabeça para trás e ela falou para jogar para frente e o Rafa me ajudava segurando meu pescoço e incentivando o tempo todo. Quando ele falava ele chorava!!!! Eu tinha a impressão de que ela estava com a mão dentro de mim. No início isso não doía, mas chegou uma hora, depois de algumas forças que eu tinha feito, que a mão dela começou a doer muito e eu gritei, quase implorei: “Pelo amor de Deus tira a mão daí!!!!” Ela falou que não era a mão dela e mostrou para o Rafa: “Lá, não é a mão dela. É a cabecinha dele!!!” Ai meu Deus! Era a cabecinha do Francisco. Ela tentava proteger o períneo, massageando e jogando vaselina (ainda pensei: “Não são óleos essenciais, mas serve mesmo assim hehehe”). E eu continuei naquela de fazer força, mas quando eu parava de fazer força eu tinha vontade de fazer força de novo, não dava para descansar. Eu estava cansada, a cabeça do meu filho estava quase saindo e eu não tinha mais força. Pensei em fórceps (“Pq não usam o fórceps, caramba?”). Pensei em episio (“Será que uma episio não ajuda?”). Pensei em cesárea (“Mas pq eu fui inventar isso? Pq eu não marquei a cesárea? Que droga!!!”). A enfermeira pediu para ouvir o coração do Francisco, mas não conseguiram. Eu não assustei, pois sentia ele se mexendo bem na hora. A enfermeira tbm não assustou pq falou que não precisava mais pq ia nascer. E foi assim, de repente, no meio de uma força, sem círculo de fogo, sem eu esperar, que senti meu filho escorregando de dentro de mim e sendo colocado em cima da minha barriga. Coloquei a mão nele e falei: Francisco! Olhei o Rafa e ele chorava! Eu não chorei. Eu só pensava: consegui parir. O Francisco nasceu desacordado, azulzinho. Ele não chorou. O primeiro som que ouvi dele foram dois espirros fortes, bem fortes! Mas eu sabia que estava tudo bem com ele. Ele recebeu o atendimento padrão de qualquer hospital, ali dentro do quarto mesmo. Tomou a vitamina K e a vacina para Hepatite B, foi aspirado (acho que foi pq ouvi o médico falar alguma coisa nesse sentido). Ficou no aquecedor enquanto eu levava os pontos! Sim, os pontos! Assim que ele nasceu tudo passou. A dor acabou e eu não sentia mais nada! De repente senti algo escorregando e perguntei se era a placenta: a enfermeira levantou e mostrou. Nunca fui muito apegada à placenta e quando vi não achei nada demais. Ela olhou e jogou fora! Pra mim tinha acabado tudo bem! Tudo ótimo, maravilhoso!!!!! Olhei no relógio e não era 5:30 ainda. Olhei para o Rafa e falei: “Não disse que ele nasceria até 5:30?” Nem eu acreditei como tudo foi rápido!!! Como meu corpo trabalhou rápido!

A enfermeira pediu o kit de sutura e eu pensei que ela tinha feito episio, mas então ela falou: “olha, lacerou um pouquinho e vou dar uns pontinhos, ta?” Depois ela foi falando que o pouquinho na verdade era um montão! Foi um grande estrago hehehe. Terminado os pontinhos ela olha para mim e pergunta se quero tomar um banho. Banho????? Posso? Sentei, tremia feito vara verde, mas consegui levantar e tomei um banho! Quanta diferença!!!!! Quem teve três cesáreas, ficar em pé alguns minutos após o nascimento do filho é quase uma loucura! Eu me sentia poderosa, forte, mulher!!!!! Tomei banho e voltei para a cama limpinha e peguei meu filho no colo. Peladinho, só de fralda e enroladinho em um pano. Lindo!!! Perfeito. E o que pude falar para ele naquela hora foi: “Obrigada! Conseguimos!”


Francisco nasceu às 5:23 da manhã e logo eu vi a claridade do sábado maravilhoso pelas janelas ao lado da minha cama.

Era dia 17 de abril de 2010.

Recebeu apgar 8 – 9.

Pesou 3,625 kg.

Mediu 51,5 cm.

Foi um parto normal depois de 3 cesáreas.




Cartãozinho que ficava no bercinho do Francisco.


Algumas considerações:

- minha recuperação não tem sido fácil. Os pontos doem bastante!

- faria tudo novamente igualzinho.

- a escolha por mentir sobre as cesáreas anteriores foi muito difícil. Se qualquer coisa acontecesse o Rafa e eu teríamos que carregar isso sozinhos. Foi uma decisão difícil, mas que tomamos conscientes de tudo o que podia acontecer se mentíssemos e o que não aconteceria se falássemos a verdade.

- todo o TP durou anos! Quando eu estava com o Francisco no colo e ia me referir ao dia anterior, por alguma razão ele parecia tão distante, parecia em outra época em outro ano. Ainda estou com dificuldades em falar do tempo antes do nascimento do Francisco. Hoje vejo a importância do TP para uma mulher. E dou muito valor a isso tudo!

- ser orientada a não gritar durante as contrações não me deixou brava como pensei que ficaria. Afinal de contas, imagine umas 10 mulheres em TP gritando ao mesmo tempo? Hehehe E sempre fui tratada com muita educação e respeito. Isso me deixou muito feliz e me fez sentir bem durante todo o TP.

- no inicio do TP em casa, quando a dor começou a ficar forte, percebi que um PD não daria certo. Tudo me irritava. As crianças me olhando, perguntando... A TV, os gatos, os vizinhos conversando. A única coisa que eu falava para o Rafa era que se fosse um PD eu ia acabar matando um: filho, gato ou vizinho hehehe

- em nenhum momento durante o meu TP eu fui tratada como uma bomba relógio. Ninguém se preocupou comigo além do necessário e isso foi muito bom, pois me sentia confiante! Ninguém pensava nos “e se...”. Foi esse um dos motivos pelo qual fomos em frente com nossa história de uma cesárea só!

- Ah! Eu tomei ocitocina logo depois do parto. Assim que o Francisco nasceu vieram me puncionar e ligaram a ocitocina! Aí podiam fazer o que quisessem. Eu já tinha tido o meu parto!

- o momento que eu mais gostava quando eu estava no hospital era quando tinha troca de plantão. Entravam no quarto todas as auxiliares e enfermeira e iam falando de cada paciente. De mim falavam assim: “A 305-3 é a Larissa, parto normal. Bebezinho está bem!” Quando eu ouvia meu nome e parto normal cada célula do meu corpo gritava: yesssss!!!!!!!



Agradeço imensamente meu marido, pois foi o único que topou estar comigo nesse momento independente de tudo, independente de qualquer coisa. Ele foi o único que se sentiu confiante ao meu lado. Agradeço o meu filho Francisco por ter trabalhado junto comigo e por ser meu filho, enviado por Deus para eu cuidar!!!!!

Agradeço tbm à Deus por ter confiado à mim a vida do Francisco. Só Ele sabia o fim de tudo isso antes mesmo do começo e Ele confiou em mim!


Tudo valeu a pena e faria tudo exatamente igual novamente!!!!


"Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer..."

Eu arrisquei, e fiz o que queria fazer.

A vida é feita de escolhas e eu tive que fazer muitas escolhas nos últimos meses. Não é fácil ter que decidir arriscar. Mas nunca na minha vida vou lamentar que gostaria de ter arriscado mais!!!!!! Nunca vou lamentar não ter feito o que eu queria fazer!


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Francisco chegou!!!!


O Francisco nasceu dia 17 de abril de 2010 às 05:23, pesando 3,625 kg, medindo 51,5 cm de parto normal após 3 cesáreas!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Última postagem antes do Francisco!

Essa eu precisava contar aqui! Tem coisas que só podem acontecer comigo! Vou começar do começo. Depois de passar algumas horas essa semana na maoir expectativa e no dia seguinte tudo passar, nenhuma dorzinha nem nada, ontem recomeçou!
Eu estava quase indo deitar e o Pietro pediu para mamar. Enquanto ele mamava veio uma contração daquelas que doem as costas e descem para a virilha! Como toda dor nessa hora é boa eu fiquei feliz! Logo veio outra, mas aí o Pietro parou de mamar e elas espaçãram e sumiram. Acho que sumiram pq não me lembro de sentir durante a noite! Mas quando acordei voltei a sentí-las! Saí com o Rafa para resolver algumas coisinhas e lá estavam, sem compasso nenhum, com intervalos de dois minutos, de dez minutos... Elas vinham quando queriam! E sentada no carro eu quase morria, mas estava curtindo de monte: meu filho querendo chegar! Resolvi passar no mercado e comprar alguams coisas e lá continuou! Voltei para casa toda feliz! Tive mais uma no estacionamento e quando entrei em casa elas sumiram!!!!!!! Acho que fiquei uma hora sem sentir nadinha!!!!! Aí voltei a sentir, mas bem levinha... Fui ao banheiro e o tampão começou a sair. Fiquei feliz, mas sabia que isso não significava muito, pois poderia demorar dias ainda! Ainda mais que as contrações estavam bem fracas... Fui deitar pq ontem fui dormir tarde e acordei cedo hoje. Deitada eu tive algumas, mas sem intervalo regular. Não dormi e logo levantei, pois estava esperando um técnico aqui em casa. Estava na sala quando senti outra contração das boas e quase no final de um PLOCT. Achei estranho o ploct pq toda vez que li sobre isso vinha acompanhado de líquido escorrendo. Porém nada aconteceu... Achei que algo tinha estralado em mim heheheh Uns minutos depois o técnico chegou e fui até a área de serviço com ele. Quando cheguei lá tive outra contração e... desceu um monte de líquido... HAHAHAHAAH Gente, eu não sabia se eu saia correndo, se eu saia de ré, se eu falava que a bolsa tinha estourado... Que situação!!!!! Eu de calça cinza e líquido descendo. Rapidinho descidi sair de ré... Fui até meu quarto e tirei a calça: líquido claro. Ótimo, mas como volto para a área de serviço? TRoquei a calça e coloquei um forro de fralda Bumgenius do Pietro com uma papeleta por cima hehehehe Ficou uma coisa estranha, mas acho que ele não percebeu heheheh Aí eu fiquei lá com o técnico e líquido descendo de vez em quando hahahahahah
Pode uma dessas? Só comigo isso acontece! Pq não descu na hora do ploct? Deixou para ecer quando o técnico estava aqui! ai-ai! Ainda estou rindo e acho que vou rir muito disso ainda!
Bom, mas o fato é que o Francisco está chegando mesmo! Estou aqui com contrações diminuindo entre elas, mas nada impossível de suportar. Estou bebendo rios de suco e água, mas acho que estou bebendo mais do que meu corpo consegue absorver pq estou fazendo xixi de monte. Aí é xixi e líquido. Vira e mexe o Francisco se mexe aqui dentro. Pra ser sincera eu não faço a menor idéia de que horas ir para o hospital. Marquei a hora que a bolsa estourou. Estou tranquila e a prova disso é que estou aqui digitando, coloquei foto no orkut, mandei emails...
Estou esperando. Avisei o Rafa. Imagino que ele esteja com o coração saindo pela boca! Mas eu estou numa boa! Com certeza a próxima postagem vai ser sobre o parto.
Falando no parto, agora eu dependo só de sorte! Estou contando com isso! Se eu for para o hospital agora eu tenho certeza que vão querer induzir e vai acabar na cesárea mesmo. Por isso estou aqui esperando e pedindo à Deus que faça com que meus passos de agora em diante sejam guiados por Ele. O Francisco ainda está com dorso à direita e precisa virar de lado e as contrações precisam ficar mais eficientes! Sei que isso vai acontecer de acordo com a vontade de Deus agora! Estou confiante de que tudo vai acontecer como é para acontecer e por isso estou muito calma!
Agora deixa eu ir terminar de arrumar as coisinhas aqui em casa! O fogão está muito sujo, dá até vergonha! Vou lá limpar hehehehe

Até mais!

39 semanas e 4 dias - Francisco chegando!!!!!!