quinta-feira, 7 de abril de 2011
Relato do Pai - VBA3C
sábado, 30 de outubro de 2010
O video sobre o parto
Quem quiser saber mais sobre o Francisco, eu escrevo um blog que conta as peripécias dos meus filhos. Visitem Os Sete Monstrinhos.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Relato do parto
A preparação para o parto do Francisco começou antes mesmo do Pietro nascer, quando surgiu um desejo intenso de um parto normal depois de duas cesáreas. Porém muitas coisas aconteceram, Pietro nasceu e meu parto não foi parido!!! Quando o Pietro deixou o cheirinho de recém nascido para trás, o desejo de ter um outro filho chegou! Um quarto filho, sim! E junto com esse desejo a certeza de que dessa vez eu teria um filho e um parto.
Todo um trabalho interno foi realizado e ainda está sendo feito! No inicio comecei me informar sobre cicatrização, ruptura uterina, parto normal depois de uma, duas, três e até quatro cesáreas. Parto domiciliar depois de duas ou três cesáreas, parto normal hospitalar... Enfim, o que seria melhor para meu bebê, para minha família e para mim.
A gravidez chegou quando o Pietro estava com 1 ano e 7 meses. Que delícia! No inicio eu me sentia a pessoa mais feliz desse mundo, porém a notícia faltava ser compartilhada com o meu lado da família. Eu já sabia que minha mãe seria contra e como sei o que pensam sobre mim outras pessoas da família eu logo podia deduzir o que falariam... Criei coragem e contei. Prefiro não lembrar e nem deixar registrado todos os sentimentos que surgiram. Minha gravidez foi motivo de indignação de pessoas que nunca nem ao menos ligaram para mim para perguntar qualquer coisa que seja! Entrei em uma depressão terrível e nem imaginava o motivo. Um dia, vasculhando meus sentimentos percebi que minha tristeza, meu choro, minha infelicidade tinha origem na não aceitação da minha gravidez por outras pessoas. Desse dia em diante eu melhorei!
Outro detalhe dessa gravidez foi o fortalecimento do meu casamento. Curioso como toda essa indignação que minha gestação trouxe para as pessoas do meu lado da família só fizeram bem para mim e para meu casamento. Me fez enxergar quem realmente está comigo, me fez valorizar a companhia, o carinho, o respeito. Gosto de pensar nisso, pois pessoas que não desejaram o bem, que pensaram coisas ruins, que ficaram indignadas, só contribuíram para o crescimento da minha família!
A busca pelo parto
Como boa medrosa que sou eu morria de medo de ter um aborto espontâneo. Sei que é uma coisa meio trágica para pensar, mas eu sempre tive esse medo. Devido ao medo eu esperei ficar com mais de 12 semanas para de fato procurar as pessoas que eu queria para o parto. Durante as 8 semanas que eu sabia que estava grávida mas não queria ir atrás do parto eu fiquei imaginando como eu iria querer o meu parto mesmo. Não ficava romantizando, escolhendo posição, água ou fora d’água... Imaginava equipe, local... Até que um dia imaginei em casa! Em casa com uma parteira. Bem minha cara, sem muita gente...
Busquei a opnião de um médico humanizado. Saí confiante. Busquei outras opniões e tudo foi desmoronando aos poucos. Comecei a me questionar. Não questionar a decisão pelo parto natural, mas a questionar tudo o que eu havia lido e buscado nesses 3 anos. Será que não seria possível? Será que seria tão perigoso e arriscado para meu bebê? Qual a diferença entre eu, que tenho 3 cesáreas, e as várias outras mulheres que tem 2 cesáreas e que fizeram PD? Por que a minha cicatriz uterina tem mais chance de romper do que a cicatriz delas? Por que as cicatrizes recentes delas eram menos perigosas do que as minhas cicatrizes antigas??? Será que eu sou diferente? Fiquei sem entender e muito chateada com tudo isso. Algumas pessoas realmente me chatearam muito. Passei a imaginar situações terríveis e trágicas, pois me colocaram para pensar nisso: “como você reagiria se o pior acontecesse e o bebê morresse?”. Pergunta complicada! Só sabe quem passa por isso. Eu nunca passei e minha reação certamente não seria igual à reação de outra pessoa!
Pois bem, eu continuei firme na minha busca. Hospital caro, sem chance de pagar por algo assim. Hospital do convênio que seria a opção boa para mim, os médicos que aceitam um vba3c não atendem lá e os que atenderiam estavam com agenda cheia. Achei um médico abençoado que acompanharia o parto lá acompanhado pelas parteiras, porém descobrimos que o hospital vai fechar a maternidade antes da DPP... Pode uma coisa dessas??? Aí me questionei novamente: os caminhos estão se fechando para que o parto não aconteça dessa forma ou para que eu batalhe mais pelo meu parto? Passei a conversar com Deus mais claramente:
“Por favor, mande seus recados mais claramente! Se não for para o parto ser da forma que eu quero faça com que o bebê fique transverso!!! Aí vou entender que o correto é uma cesárea! Se for para que eu batalhe mais pelo meu parto, me ajude a enxergar o caminho. Não precisa me entregar pronto, mas ilumine para que eu consiga percorrer!”
Acho que depois de muito insistir com Deus, Ele acendeu uma lanterna na minha frente! Achei um hospital e tive uma idéia. Não me orgulho de pensar em mentir, mas vi como única escolha. Hospital com baixa taxa de cesáreas e com um atendimento humanizado. Seria lá mesmo!!! De repente surgiu outra opção! Uma casa de parto que pelos boatos atenderia vbac... Fui à casa de parto. Lugar lindo, aconchegante, perfeito! Porém casas de parto têm protocolos que devem ser seguidos e isso eu compreendo. Casas de parto não podem atender quem tem cesárea prévia (seja três, seja duas ou apenas uma. Não pode mesmo!) Mas houve um esforço para a situação ficar boa para mim. (Acabou não dando certo na casa de parto, nem com a opção que pensaram a princípio).
Ainda não está nada certo, mas os caminhos eu tenho. É possível que a resolução de tudo isso ocorra ainda essa semana, até quinta feira.
Continuo firme no meu propósito e na minha crença de que poderei tentar até onde me for permitido. Acredito que Deus sempre quer o melhor para seus filhos. Acredito que ele quer ver minha família feliz e completa e por tanto Ele vai estar comigo guiando as pessoas que estarão ao meu lado. Isso já basta para se sentir confiante! Sei que logo qualquer dia pode ser o dia! Hoje estou completando 36 semanas. Sinto-me preparada para todo o processo que meu corpo vai experimentar pela primeira vez. Sinto-me confiante e feliz! Que o Francisco chegue trazendo as bênçãos que um bebê sempre trás!!!!
Carta de despedida da barriga
Filho, amanhã (05/04) completamos 38 semanas de gestação, você e eu juntos, nesse crescimento rápido e tão emocionante! Quando descobri que você estava aqui dentro no dia 13 de agosto de 2009 você era apenas um pontinho. Nós estávamos de 4 semanas, mas você realmente estava aqui há cerca de 2 semanas só! Mas eu já te amei e me senti sua mãe nesse momento! As semanas foram passando e você foi crescendo. Demorei para sentir você se mexendo aqui dentro e confesso que fiquei um pouco preocupada. Mas você se mexeu e logo se mexia tanto que passei a acordar com seus movimentos aqui dentro. E você gosta de se mexer, viu? Mexe dia e noite e me empurra em alguns lugares bem doloridos. Descobrimos que você é um menino e vou confessar aqui, só para você, que era exatamente o que eu queria, outro menininho! Francisco, começou então ser mais fácil conversar com você, chamá-lo pelo nome. Nome que foi escolhido por causa da minha avó, sua bisavó, que você não vai conhecer, pois ela mora no céu hoje em dia, mas tenho certeza que está olhando pela gente!
Então Francisco, as semanas foram passando e você foi crescendo aqui dentro. Eu também fui crescendo aqui fora e estou agora com um barrigão imenso, bem redondinho! Nessa sua gestação eu fiquei muito nervosa, muito irritada. Sei que faz parte das mudanças hormonais que a mamãe tem na gravidez, mas isso foi muito chato, sabia? Teve dias que eu mesma não me agüentava!!! Mas sei que isso vai passar.
Enquanto você cresce aí dentro, seus irmão aqui fora foram curtindo a idéia de ter mais um irmãozinho. Sua irmã mais velha ficou feliz. Seu irmão mais velho achou o máximo ter mais um bebê. Seu outro irmão ainda não entedia nada, mas logo que nós começamos a crescer ele passou a entender que tem um nenê dentro de mim e agora fala o tempo todo que o nenê vai nascer e que você é irmão dele! Ele é pequeno ainda e vamos ter que ter muita paciência com ele. Ele ainda mama e vocês terão que dividir o mamá, acredita? Mas ele já sabe disso e acho que não vai ser muito difícil não!
Agora sei que você já é um bebê grande aqui dentro. Já é um bebê praticamente pronto para conhecer o mundo aqui fora! Se a mamãe quisesse fazer uma cesárea, provavelmente você estaria nascendo por esses dias. Mas dessa vez vamos fazer diferente e buscamos ter você por parto normal. Então estamos aqui esperando você querer nascer! Não sabemos quando isso vai acontecer. Você poderá vir até o dia 02 de maio. Imagina isso? Mais um mês? Todos os dias quando vou dormir penso que o dia seguinte pode ser o dia! Mamãe é ansiosa, né? Sim, mas espero muito que você nasça logo, pois está tão difícil fazer as coisas com esse barrigão enorme!
Sabe o que eu gostaria de te falar (e eu falo sempre isso para você, viu?)? Vem Francisco! Pode nascer que estamos prontos, te esperando. Só falta você! Não tenha medo, não. O mundo aqui fora pode ser lindo. Tem muito amor te esperando, tem muito colo, muito leitinho, muito carinho! Tem um mundo lindo aqui também com sol, chuva, passarinhos, gatinhos, irmãos pra te curtir! Não tenha medo Francisco! Mamãe e papai te amam muito. Talvez não será fácil você chegar nesse mundo e nós tenhamos que trabalhar um bocado juntos, mas isso faz parte do seu início no mundo! A vida não é fácil, mas assim como no seu parto, eu sempre estarei ao seu lado, junto de você! Então Francisco, pode nascer! Pode chegar! Estou pronta! Estamos prontos! Agora só falta você!
A decisão
Como ficou decido que seria o parto: parto em um hospital público que tem boas taxas de parto normal e é um dos hospitais que aparecem como hospital que faz parto humanizado
O Parto
Trinta e nove semanas e nada! A espera estava me angustiando, principalmente por não saber como seria o desfecho. Eu estava pesada, com uma barriga enorme, super nervosa e louca para que tudo acabasse logo! No dia 12 de abril (segunda-feira) eu completei 39 semanas e tive consulta de pré natal. Naquela madrugada eu acordei com “dor de barriga”. Depois, mais outra vez pela manhã. Fiquei pensando se seria meu corpo se preparando. Falei para a GO e ela quis fazer exame de toque. Não deixei, inventei que não tinha tomado banho depois de ir ao banheiro. Ela foi escutar o coraçãozinho e falou que eu estava tendo uma contração, mas eu não estava sentindo nada, só uma contração de Braxton. A sentença dada pela GO: não chega até 40 semanas. Fiquei super feliz, muito mesmo, mas logo caiu a ficha que ela não tem bola de cristal. Poderia nascer até o inicio de maio...
39 semanas e 1 dia (terça-feira). Tive contrações mais doloridas antes de dormir e estavam ritmadas, fiquei animada!
39 semanas e 2 dias (quarta-feira). Acordei e resolvi limpar a casa, porém as contrações desapareceram completamente!!!! Durante o resto do dia nada, nadinha. Eu estava frustrada e cansada!
39 semanas e 3 dias (quinta-feira). Senti algumas contrações mais fortes. O Pietro pediu para mamar bastante e eu deixei. Ele mamava e eu sentia contrações. Ele parava e elas paravam. Antes de ele dormir ele pediu para mamar e assim que pegou o peito veio uma. Alguns minutos depois veio outra! Me deu “uma coisa” e eu tirei o Pietro do peito, falei que era hora dele dormir. Ele deu tchau para o mamá e para o nenê. Fui dormir, não percebi se tive contrações de noite ou não. No dia seguinte nós iríamos até o posto de saúde para pegar o número da inscrição do mãe paulistana e eu planejava fazer algumas compras para fazer mais comida para congelar.
39 semanas e 4 dias (sexta-feira). Acordei com contrações e com a certeza de que eram contrações mesmo!!!! O Rafa, eu e o Pietro saímos, passamos no posto de saúde para pegar o número que eu precisava para internar no hospital quando estivesse em TP, depois fomos até o ambulatório que eu fazia pré natal pegar outro documento e eu sentindo contrações! Eu estava muito feliz! Dia 16 ou 17 eu com certeza teria meu filho nos braços!!!! Decido passar no mercado, mas não para comprar comida para eu fazer. Era só para comprar algumas coisas que estavam faltando. E lá fomos nós e eu sentindo contrações. Eu parava, respirava e voltava a fazer o que estava fazendo. Quando cheguei em casa tive mais uma contração no estacionamento e mais nada. Eu fiquei tão frustrada, tão chateada, tão nervosa... Como podia ter parado assim? Uma sensação de impotência, de não ter o quê fazer... Almocei e fui deitar. As contrações começaram a voltar, mas eu não quis ficar muito feliz. Resolvi dormir um pouco, mas não consegui, pois estava esperando um técnico aqui
o ritmadas como um relóginho... Porém nada foi do jeito que eu esperava! Nada mesmo!!!!!
Liguei para o Rafa e falei que a bolsa tinha estourado às 14:40 e que seria entre hoje e amanhã! Fui limpar o fogão, pois estava precisando mesmo!!! E como eu não sabia a que horas eu iria para o hospital era melhor deixar as coisas
Falei para o Rafa comprar uma pizza e que eu comeria um pedacinho só pois não estava com fome. Eu estava muito tranqüila, curiosa para saber se eu estava dilatando, estava um pouco perdida sem saber quando ir para o hospital, mas estava muito feliz! Meu filho estava chegando e isso eu tinha certeza absoluta! Em uma das contrações, depois que passou, eu comentei com o Rafa que eu não conseguia entender como é que as pessoas gritavam durante a contração, pois eu não conseguia nem falar!!!! Por volta das 19:20 eu fui para o chuveiro de novo e lá pude sentir as contrações mudando. Quando vinha uma contração eu conseguia falar: ai-ai-ai-ai.... hehehehe Eu falava baixinho, mas conseguia falar!!!! Saí do banho tremendo bastante. Logo uma contração começou a emendar na outra. A pizza chegou e sentei para comer um pedaço. O melhor foi que enquanto eu comia eu não tive nenhuma!!!! Tá bom que comi um pedaço só, mas assim que terminei veio mais uma! Quando elas vinham eu ficava ajoelhada na poltrona com a cabeça encostada no encosto e doía muito. Elas começaram a vir a cada 3 minutos, às vezes dois. Quando vinham eu falava: “vai passar, vai passar... está passando... passou.” Eu já tinha tentado todas as posições: deitada de lado, sentada, de quatro, agachada... Nada era bom! As contrações duravam quase um minuto. Eu não tinha vontade de sair de casa, mas também não queria ficar muito tempo mais. E se a dor piorasse? Eu não conseguia imaginar como seria o caminho até o hospital! Já tinha alertado mil vezes o Rafa para ele não correr, evitar buracos... E continuava alertando! Resolvemos sair. Coloquei o vestido azul que eu já tinha “preparado” para ir ao hospital e meu chinelo. Eu esperava tanto por esse momento que até a roupa que eu iria eu já tinha separada!!! Pedi para ele levar as bolsas para o carro e deixar o carro parado em local estratégico. Torci para que ninguém me parasse para conversar. Esperei uma contração e fui quase correndo para o carro. Foi entrar e ter outra! Fui no banco de trás e a cada contração eu ficava de quatro com a cara enterrada na cadeirinha do Pietro e gritava muitooooooooo. Mas quando passava, eu sentava e ia dando palpite na direção do Rafa: o farol fechou, não corre, olha o buraco... E olha que tive que implorar para ele não correr!!!!
Chegamos ao hospital e eu falei para o Rafa que só saia do carro depois que ele soubesse para onde eu iria. Ficamos andando pelo estacionamento de um lado para o outro. Cada um dizia uma coisa até que informaram que era pelo PS que eu tinha que entrar. O Rafa fez a ficha e foi me buscar no carro. Fui tendo contrações pelo caminho. Todo mundo olhava. Eu não gritava, mas parava, apertava a mão do Rafa, fechava os olhos e falava bem baixinho: Vai passar... Tive duas contrações até chegar na porta. Lembro que tinha uma mesa bloqueando a passagem, deixando apenas um espacinho, tinha um segurança e um monte de gente na porta. Lógico que eu tive que ter uma contração bem na frente dessa mesa hehehe O segurança ficou meio perdido, mandou todo mundo dar espaço e falou para pegar a cadeira de rodas. Eu neguei e fui andando. Ia parando para as contrações e todo mundo olhando. Uma senhora perguntou se era dor de parto e o Rafa respondeu todo animado que era nosso bebê chegando!!!! Fui esperar em uma salinha para ser atendida. Fiquei em pé e a cada contração eu me apoiava nos braços da cadeira e o Rafa fazia massagem nas minhas costas! Demorou um pouco para me chamarem. Lembrando que eu estava em um pronto socorro de hospital público. A médica me chamou e perguntou se a bolsa já tinha estourado. Eu disse que sim e que tinha estourado às 20 horas mais ou menos! Eu tinha medo de falar que tinha estourado às 14:40 e ela falar que era muito tempo, sei lá! Estávamos sozinhos, o Rafa e eu, e seria muito fácil ser enganada! Bom, ela pediu para eu deitar e veio fazer um exame de toque. Fez uma cara animada e falou: “Um centímetro! Trabalho de Parto mesmo!” Aí começou uma série de pequenas coisinhas que chamo de “Deus trabalhando”. Ela falou que estavam sem vaga e que eu seria transferida para outro hospital, talvez o Amparo Maternal. Mas que ela ia pedir um cardiotoco para ver se estava tudo bem com o nenê. Mas que antes do cardiotoco eu ia tomar um pouco de glicose para não dar alterado o exame. Fui tomar a medicação e demorou um pouco. Na sala de medicação tinha um monte de gente (PS mesmooo). As pessoas olhavam e ficavam conversando entre si, se perguntavam se eu estava para ganhar nenê, se era TP prematuro, falavam da minha barriga pequena, falavam sobre a dor do parto... Eu só ouvia, de olhos fechados durante as contrações e
Enfim a tortura acabou. Ops, o exame acabou. Tudo ok com o bebê. Mais um exame de toque:
(O Rafa me contou que depois que a enfermeira me levou ela voltou e encontrou ele sentado esperando para fazer a internação. Ela pegou ele, pegou uma etiqueta com a recepcionista e falou que ele não iria ficar ali esperando nada, pois a mulher dele precisava mais dele do que ela hehehehe. Depois de tudo, o Rafa foi procurá-la e agradeceu tudo o que ela fez!)
Voltando em mim! A enfermeira me levou para o CPH (Centro de Parto Humanizado). Quando vi, uma pontinha e esperança se acendeu! Talvez eu não passaria por todos aqueles procedimentos de partos hospitalares. Entrei em um lugar que quase lembrava um corredor de centro cirúrgico (pelo menos essa é minha lembrança). A enfermeira me levou para um quarto onde tinha uma moça em TP acompanhada da mãe. Passei por essa moça e depois de uma grossa cortina tinha outra cama. Ali que eu fiquei. Era um quarto grande, tinha uma TV mas estava desligada. Um relógio de parede que muitas vezes olhei e ele me desanimou! Eu fiquei ao lado das janelas o que achei lindo depois que o Francisco nasceu! A porta do quarto ficava aberta e dava para ouvir outras mulheres
A moça que estava em TP ao meu lado tbm sentia dor, mas parecia ter mais espaços entre as contrações. Eu entrei no CPH à meia noite. Meia noite e meia vieram estourar a bolsa da moça ao lado e ouvi a enfermeira falar que ela estava com
A dor foi aumentando. E de repente eu vomitei. Eu sempre tive medo de vomitar durante o TP, pois eu detesto vomitar. Na verdade eu não sei vomitar e vomito pelo nariz ECA!!!! Por sorte eu não vomitei pelo nariz dessa vez, mas tbm não conseguia parar de vomitar. Uma auxiliar veio e perguntou se eu queria ir para o banho. Eu estava largada em cima do vômito e falei: “não! quero ficar aqui pra sempre...”. Eu fiquei bem mole depois que vomitei. Não sei se vomitei de dor ou de tanta água que eu estava bebendo... O fato é que eu tinha que ir tomar um banho, mas queria o Rafa junto comigo. Fomos ao banheiro e fiquei lá um tempão. Senti que eu estava ficando com tontura e pedi para o Rafa me ajudar a ir deitar. Eu queria um exame de toque para saber a quantas andava minha dilatação, mas tbm tinha medo que não tivesse progredido muito. O último toque tinha sido feito quase à meia noite e eu estava com
12 horas de bolsa rota, mas só o Rafa e eu sabíamos. Dor, muita dor e eu chamava Deus, minha avó Francisca, lembrava de todas as mulheres que já pariram e que tiveram forças para isso, pensava nas pessoas que me escreveram dizendo que estavam torcendo e que acreditavam que eu podia parir meu filho. Foram essas lembranças que me davam forças quando vinha o medo. O medo era inevitável. Me colocaram medo. Mas acabei arrumando um escape para o medo: muita gente me deu forças! Assim foi até as 4 horas da manhã quando vieram fazer outro toque na moça em TP:
De repente uma pressão no ânus e uma sensação de que eu ia fazer cocô ali mesmo. Meu corpo começou a empurrar sozinho. Eu não conseguia mais esticar as pernas durante as contrações, eu tinha vontade de abrir... Acho que meus gritos mudaram pq a enfermeira veio correndo e fez outro toque: “Quase, mas ainda não. Só mais um pouco!” O Rafa olhou e falou que estava tudo se abrindo, que tudo era lindo!!! E eu quase morrendo de dor. Meu Deus,
Então veio a enfermeira de novo fazer um toque e ela falou: “mais uma contração e vc faz força, aí vamos fazer o seu parto!” Meu Deus! Meu parto? Já??? Veio mais uma contração e eu fiz força. Começou uma certa agitação à minha volta. Perguntaram sobre a moça na bola e a enfermeira falou que ela podia ficar lá mais um pouco pq ia nascer um bebê agora. Tiraram uma parte da cama, colocaram um ferro, encaixaram umas coisas embaixo, subiram a cama (isso eu só percebi depois que ele nasceu hehehe), inclinaram mais ela... Levantei as pernas (era bem confortável ficar assim. Pelo menos para mim), segurei em um lugar e ela falou para eu fazer força quando sentisse uma contração. Joguei a cabeça para trás e ela falou para jogar para frente e o Rafa me ajudava segurando meu pescoço e incentivando o tempo todo. Quando ele falava ele chorava!!!! Eu tinha a impressão de que ela estava com a mão dentro de mim. No início isso não doía, mas chegou uma hora, depois de algumas forças que eu tinha feito, que a mão dela começou a doer muito e eu gritei, quase implorei: “Pelo amor de Deus tira a mão daí!!!!” Ela falou que não era a mão dela e mostrou para o Rafa: “Lá, não é a mão dela. É a cabecinha dele!!!” Ai meu Deus! Era a cabecinha do Francisco. Ela tentava proteger o períneo, massageando e jogando vaselina (ainda pensei: “Não são óleos essenciais, mas serve mesmo assim hehehe”). E eu continuei naquela de fazer força, mas quando eu parava de fazer força eu tinha vontade de fazer força de novo, não dava para descansar. Eu estava cansada, a cabeça do meu filho estava quase saindo e eu não tinha mais força. Pensei em fórceps (“Pq não usam o fórceps, caramba?”). Pensei em episio (“Será que uma episio não ajuda?”). Pensei em cesárea (“Mas pq eu fui inventar isso? Pq eu não marquei a cesárea? Que droga!!!”). A enfermeira pediu para ouvir o coração do Francisco, mas não conseguiram. Eu não assustei, pois sentia ele se mexendo bem na hora. A enfermeira tbm não assustou pq falou que não precisava mais pq ia nascer. E foi assim, de repente, no meio de uma força, sem círculo de fogo, sem eu esperar, que senti meu filho escorregando de dentro de mim e sendo colocado em cima da minha barriga. Coloquei a mão nele e falei: Francisco! Olhei o Rafa e ele chorava! Eu não chorei. Eu só pensava: consegui parir. O Francisco nasceu desacordado, azulzinho. Ele não chorou. O primeiro som que ouvi dele foram dois espirros fortes, bem fortes! Mas eu sabia que estava tudo bem com ele. Ele recebeu o atendimento padrão de qualquer hospital, ali dentro do quarto mesmo. Tomou a vitamina K e a vacina para Hepatite B, foi aspirado (acho que foi pq ouvi o médico falar alguma coisa nesse sentido). Ficou no aquecedor enquanto eu levava os pontos! Sim, os pontos! Assim que ele nasceu tudo passou. A dor acabou e eu não sentia mais nada! De repente senti algo escorregando e perguntei se era a placenta: a enfermeira levantou e mostrou. Nunca fui muito apegada à placenta e quando vi não achei nada demais. Ela olhou e jogou fora! Pra mim tinha acabado tudo bem! Tudo ótimo, maravilhoso!!!!! Olhei no relógio e não era 5:30 ainda. Olhei para o Rafa e falei: “Não disse que ele nasceria até 5:30?” Nem eu acreditei como tudo foi rápido!!! Como meu corpo trabalhou rápido!
A enfermeira pediu o kit de sutura e eu pensei que ela tinha feito episio, mas então ela falou: “olha, lacerou um pouquinho e vou dar uns pontinhos, ta?” Depois ela foi falando que o pouquinho na verdade era um montão! Foi um grande estrago hehehe. Terminado os pontinhos ela olha para mim e pergunta se quero tomar um banho. Banho????? Posso? Sentei, tremia feito vara verde, mas consegui levantar e tomei um banho! Quanta diferença!!!!! Quem teve três cesáreas, ficar em pé alguns minutos após o nascimento do filho é quase uma loucura! Eu me sentia poderosa, forte, mulher!!!!! Tomei banho e voltei para a cama limpinha e peguei meu filho no colo. Peladinho, só de fralda e enroladinho em um pano. Lindo!!! Perfeito. E o que pude falar para ele naquela hora foi: “Obrigada! Conseguimos!”
Francisco nasceu às 5:23 da manhã e logo eu vi a claridade do sábado maravilhoso pelas janelas ao lado da minha cama.
Era dia 17 de abril de 2010.
Recebeu apgar 8 – 9.
Pesou
Mediu
Foi um parto normal depois de 3 cesáreas.
Cartãozinho que ficava no bercinho do Francisco.
Algumas considerações:
- minha recuperação não tem sido fácil. Os pontos doem bastante!
- faria tudo novamente igualzinho.
- a escolha por mentir sobre as cesáreas anteriores foi muito difícil. Se qualquer coisa acontecesse o Rafa e eu teríamos que carregar isso sozinhos. Foi uma decisão difícil, mas que tomamos conscientes de tudo o que podia acontecer se mentíssemos e o que não aconteceria se falássemos a verdade.
- todo o TP durou anos! Quando eu estava com o Francisco no colo e ia me referir ao dia anterior, por alguma razão ele parecia tão distante, parecia em outra época em outro ano. Ainda estou com dificuldades em falar do tempo antes do nascimento do Francisco. Hoje vejo a importância do TP para uma mulher. E dou muito valor a isso tudo!
- ser orientada a não gritar durante as contrações não me deixou brava como pensei que ficaria. Afinal de contas, imagine umas 10 mulheres em TP gritando ao mesmo tempo? Hehehe E sempre fui tratada com muita educação e respeito. Isso me deixou muito feliz e me fez sentir bem durante todo o TP.
- no inicio do TP em casa, quando a dor começou a ficar forte, percebi que um PD não daria certo. Tudo me irritava. As crianças me olhando, perguntando... A TV, os gatos, os vizinhos conversando. A única coisa que eu falava para o Rafa era que se fosse um PD eu ia acabar matando um: filho, gato ou vizinho hehehe
- em nenhum momento durante o meu TP eu fui tratada como uma bomba relógio. Ninguém se preocupou comigo além do necessário e isso foi muito bom, pois me sentia confiante! Ninguém pensava nos “e se...”. Foi esse um dos motivos pelo qual fomos em frente com nossa história de uma cesárea só!
- Ah! Eu tomei ocitocina logo depois do parto. Assim que o Francisco nasceu vieram me puncionar e ligaram a ocitocina! Aí podiam fazer o que quisessem. Eu já tinha tido o meu parto!
- o momento que eu mais gostava quando eu estava no hospital era quando tinha troca de plantão. Entravam no quarto todas as auxiliares e enfermeira e iam falando de cada paciente. De mim falavam assim: “A 305-3 é a Larissa, parto normal. Bebezinho está bem!” Quando eu ouvia meu nome e parto normal cada célula do meu corpo gritava: yesssss!!!!!!!
Agradeço imensamente meu marido, pois foi o único que topou estar comigo nesse momento independente de tudo, independente de qualquer coisa. Ele foi o único que se sentiu confiante ao meu lado. Agradeço o meu filho Francisco por ter trabalhado junto comigo e por ser meu filho, enviado por Deus para eu cuidar!!!!!
Agradeço tbm à Deus por ter confiado à mim a vida do Francisco. Só Ele sabia o fim de tudo isso antes mesmo do começo e Ele confiou em mim!
Tudo valeu a pena e faria tudo exatamente igual novamente!!!!
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer..."
Eu arrisquei, e fiz o que queria fazer.
A vida é feita de escolhas e eu tive que fazer muitas escolhas nos últimos meses. Não é fácil ter que decidir arriscar. Mas nunca na minha vida vou lamentar que gostaria de ter arriscado mais!!!!!! Nunca vou lamentar não ter feito o que eu queria fazer!
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Francisco chegou!!!!
O Francisco nasceu dia 17 de abril de 2010 às 05:23, pesando 3,625 kg, medindo 51,5 cm de parto normal após 3 cesáreas!
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Última postagem antes do Francisco!
Eu estava quase indo deitar e o Pietro pediu para mamar. Enquanto ele mamava veio uma contração daquelas que doem as costas e descem para a virilha! Como toda dor nessa hora é boa eu fiquei feliz! Logo veio outra, mas aí o Pietro parou de mamar e elas espaçãram e sumiram. Acho que sumiram pq não me lembro de sentir durante a noite! Mas quando acordei voltei a sentí-las! Saí com o Rafa para resolver algumas coisinhas e lá estavam, sem compasso nenhum, com intervalos de dois minutos, de dez minutos... Elas vinham quando queriam! E sentada no carro eu quase morria, mas estava curtindo de monte: meu filho querendo chegar! Resolvi passar no mercado e comprar alguams coisas e lá continuou! Voltei para casa toda feliz! Tive mais uma no estacionamento e quando entrei em casa elas sumiram!!!!!!! Acho que fiquei uma hora sem sentir nadinha!!!!! Aí voltei a sentir, mas bem levinha... Fui ao banheiro e o tampão começou a sair. Fiquei feliz, mas sabia que isso não significava muito, pois poderia demorar dias ainda! Ainda mais que as contrações estavam bem fracas... Fui deitar pq ontem fui dormir tarde e acordei cedo hoje. Deitada eu tive algumas, mas sem intervalo regular. Não dormi e logo levantei, pois estava esperando um técnico aqui em casa. Estava na sala quando senti outra contração das boas e quase no final de um PLOCT. Achei estranho o ploct pq toda vez que li sobre isso vinha acompanhado de líquido escorrendo. Porém nada aconteceu... Achei que algo tinha estralado em mim heheheh Uns minutos depois o técnico chegou e fui até a área de serviço com ele. Quando cheguei lá tive outra contração e... desceu um monte de líquido... HAHAHAHAAH Gente, eu não sabia se eu saia correndo, se eu saia de ré, se eu falava que a bolsa tinha estourado... Que situação!!!!! Eu de calça cinza e líquido descendo. Rapidinho descidi sair de ré... Fui até meu quarto e tirei a calça: líquido claro. Ótimo, mas como volto para a área de serviço? TRoquei a calça e coloquei um forro de fralda Bumgenius do Pietro com uma papeleta por cima hehehehe Ficou uma coisa estranha, mas acho que ele não percebeu heheheh Aí eu fiquei lá com o técnico e líquido descendo de vez em quando hahahahahah
Pode uma dessas? Só comigo isso acontece! Pq não descu na hora do ploct? Deixou para ecer quando o técnico estava aqui! ai-ai! Ainda estou rindo e acho que vou rir muito disso ainda!
Bom, mas o fato é que o Francisco está chegando mesmo! Estou aqui com contrações diminuindo entre elas, mas nada impossível de suportar. Estou bebendo rios de suco e água, mas acho que estou bebendo mais do que meu corpo consegue absorver pq estou fazendo xixi de monte. Aí é xixi e líquido. Vira e mexe o Francisco se mexe aqui dentro. Pra ser sincera eu não faço a menor idéia de que horas ir para o hospital. Marquei a hora que a bolsa estourou. Estou tranquila e a prova disso é que estou aqui digitando, coloquei foto no orkut, mandei emails...
Estou esperando. Avisei o Rafa. Imagino que ele esteja com o coração saindo pela boca! Mas eu estou numa boa! Com certeza a próxima postagem vai ser sobre o parto.
Falando no parto, agora eu dependo só de sorte! Estou contando com isso! Se eu for para o hospital agora eu tenho certeza que vão querer induzir e vai acabar na cesárea mesmo. Por isso estou aqui esperando e pedindo à Deus que faça com que meus passos de agora em diante sejam guiados por Ele. O Francisco ainda está com dorso à direita e precisa virar de lado e as contrações precisam ficar mais eficientes! Sei que isso vai acontecer de acordo com a vontade de Deus agora! Estou confiante de que tudo vai acontecer como é para acontecer e por isso estou muito calma!
Agora deixa eu ir terminar de arrumar as coisinhas aqui em casa! O fogão está muito sujo, dá até vergonha! Vou lá limpar hehehehe
Até mais!
39 semanas e 4 dias - Francisco chegando!!!!!!